Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil está falhando no combate ao crack e
os municípios da faixa de fronteira são os que mais têm sentido os
efeitos desse problema. A conclusão é do presidente da Confederação
Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, que apresentou hoje (30)
os resultados da pesquisa Crack na Fronteira Brasileira.
Na opinião de Ziulkoski, a Região Norte é a que mais preocupa porque
seus estados fazem fronteira com Peru, Bolívia e Colômbia, que são três
grandes produtores de cocaína, que é a matéria-prima para a produção do
crack (a droga é obtida a partir da mistura da pasta-base de
coca ou cocaína refinada, com bicarbonato de sódio e água). “É o nosso
grande calcanhar de Aquiles”, avalia.
Além da grande extensão de fronteira, a falta de equipamentos
federais de fiscalização contribui para facilitar a entrada da droga.
“Nós estamos falando da fronteira com os três países que mais alimentam o
Brasil com drogas. A ínfima presença de postos das polícias Federal e
Rodovária Federal e da Alfândega chama a atenção”, apontou.
Dos 98 municípios que estão na faixa de fronteira nessa região, 22
responderam à pesquisa da CNM, que foi feita por meio de um questionário
virtual com as secretarias municipais de Saúde e Assistência Social.
Entre os que responderam, foi apontada a existência de apenas um posto
de Alfândega, um da Polícia Rodoviária Federal e nenhum posto da Polícia
Federal.
Nas regiões Centro-Oeste e Sul a situação não é muito diferente,
segundo a pesquisa da CNM. Na primeira, os estados de Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul têm 72 municípios em faixa de fronteira, dos quais 41
responderam ao questionário da CNM. Entre eles 85% disseram ter
problemas específicos com o crack. “É a região que mais enfrenta problemas relacionados ao crack”, disse Ziulkoski.
Nos dois estados, 76% dos municípios que participaram da pesquisa
disseram que estão em rota de tráfico. Apesar disso, apenas seis
declararam ter postos da Polícia Federal, dez da Polícia Rodoviária
Federal e três de Alfândega. “Nós podemos dizer com tranquilidade que
temos pelo menos 400 quilômetros de fronteira livre entre um posto e
outro de fiscalização nessa região”, disse o presidente da CNM.
Na Região Sul, participaram 267 dos 418 municípios que se encontram
na faixa de até 150 quilômetros das fronteiras. Entre eles, 65% disseram
ter problemas com o crack, embora os estados estejam próximos
do Paraguai, que é o maior produtor de maconha, e não é dos grandes
produtores de cocaína do mundo. Entre Rio Grande do Sul, Paraná e Santa
Catarina, embora o número de postos de fiscalização federais seja maior,
proporcionalmente a presença do governo federal também é baixa.
Existem postos da Polícia Federal em apenas 9% dos municípios. A
Polícia Rodoviária Federal tem postos em apenas 9,7% e a Receita Federal
em apenas 3,7%. “Muitos dos postos de alfândega estão sendo
desativados, o que prejudica muito a fiscalização também. É importante
lembrar que esses postos contribuem para o controle das fronteiras”,
disse Ziulkoski.
O presidente da CNM ressalta ainda que a segurança dessas áreas deve
ser feita obrigatoriamente pela União. “Mesmo que os municípios
tivessem dinheiro para fazer, eles não podem porque a Constituição
determina que são os órgãos da União que devem atuar”, concluiu.
Edição: Fábio Massalli
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative
Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir as matérias é necessário
apenas dar crédito à Agência Brasil
Artikel Terkait: