Aparelhos contrabandeados, falsificados e até roubados são comercializados sem que haja qualquer ação de repressão
Mônica Prestes
Nas dezenas de bancas de vendedores ambulantes celulares roubados também são expostos em meio aos usados como se tivessem sido vendidos pelos donos Há também os celulares novos que são trazidos de fora do Estado e até mesmo de outros países ilegalmente ( Foto: Márcio Melo )
Pelas ruas do Centro antigo de Manaus, crimes como o contrabando, a pirataria e até a receptação e venda de produtos roubados são praticados em plena luz do dia por dezenas de vendedores ambulantes que comercializam celulares, relógios, CDs e DVDs sem garantia de procedência nem nota fiscal e sem se preocupar com fiscais ou a polícia.
As barracas onde os celulares são expostos, lado a lado na calçada da avenida Floriano Peixoto - mais precisamente no entorno do prédio da Receita Federal, por ironia - apresentam uma infinidade de opções que vão das mais simples e baratas às mais modernas e caras. E a vasta oferta de modelos a preços até 70% menores do que no mercado formal seduzem centenas de pessoas que passam diariamente pelo Centro.
Mas é na rua Quintino Bocaiúva que o mercado negro de celulares é mais intenso, com a comercialização de aparelhos roubados por um grupo de pessoas, sempre no mesmo trecho, à espera dos compradores. A CRÍTICA flagrou a venda de celulares roubados sem nota fiscal em duas ocasiões.
Os vendedores ficam na calçada, com os aparelhos guardados em bolsas ou sacolas, e são abordados por clientes em busca de celulares ainda mais baratos do que os vendidos pelos ambulantes da avenida Floriano Peixoto. Questionado sobre a origem de um dos celulares, que custava até R$ 950 nas lojas e vendido na rua por R$ 250, um dos vendedores disse que o aparelho era “seminovo e sem garantia de procedência”.
Um segundo vendedor não hesitou ao confirmar a suspeita de que o aparelho era roubado. “Esses celulares vêm de áreas vermelhas. Vêm de droga, traficantes e têm também os roubados. Não é legal, mas eu não roubei nenhum deles”, disse ele, que não quis se identificar. Nas dezenas de bancas de vendedores ambulantes situadas em um trecho que vai da praça do Relógio até a praça Tenreiro Aranha, e também em algumas bancas espalhadas por outras ruas do Centro, celulares roubados também são expostos em meio aos usados, como se tivessem sido vendidos pelos antigos donos.
É o que afirma o ambulante Dênis Silva, 29, que trabalha há dez anos no local vendendo, comprando e consertando celulares e relógios. “Tem ambulante que compra aparelhos sem nota fiscal e, no meio deles, vêm alguns roubados.
Mas a maioria é importada da Venezuela, Colômbia, Panamá e São Paulo”, disse ele, referindo-se aos celulares contrabandeados. De acordo com ele, o fato de os celulares novos vendidos nessas bancas serem trazidos de fora do Estado, burlando a fiscalização para não pagar impostos, permite que eles sejam vendidos a preços mais acessíveis. “De outro jeito não vale a pena”.
Fonte: A CRITÍCA
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