A permanência do ministro da Fazenda, Guido Mantega, no governo de Dilma Rousseff, não é dada mais como certa por petistas que ocupam cargos importantes na Esplanada. Apesar de elogiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela adoção das medidas durante a crise financeira de 2008, o atual titular da Fazenda é criticado pela falta de habilidade em resolver as sucessivas crises ocorridas na sua área, em especial na Receita Federal. E ainda pelo hábito de dar declarações comprometedoras e impulsivas, que provocam abalos no mercado financeiro.
A presidente eleita, Dilma Rousseff, não esconde o desejo de promover mudanças na pasta. No lugar de Mantega, ela planeja colocar o atual presidente do BNDES, Luciano Coutinho, com quem mantém afinidade política e econômica. O atual ministro da Fazenda é mais próximo ao presidente Lula desde os tempos em que era assessor econômico do PT. Lula teria, inclusive, pedido a Dilma a manutenção de Mantega para assegurar a continuidade da política econômica do governo, mas ontem o presidente mesmo disse que Dilma vai nomear seu próprio time, sem interferências.
Para um petista ouvido pelo Valor, Mantega foi inábil durante as duas crises mais sérias que atingiram recentemente pela Receita Federal: o episódio Lina Vieira e a acusação da quebra do sigilo fiscal de dirigentes do PSDB. Os dois casos abalaram diretamente a imagem de Dilma.
Lina Vieira foi escolhida pessoalmente por Mantega para substituir o ex-secretário Jorge Rachid, considerado muito próximo de Antonio Palocci. Mas acabou sendo demitida e provocou uma crise com a Casa Civil, ao afirmar que Dilma pedira a ela para agilizar as investigações envolvendo Fernando Sarney, filho do atual presidente do Senado e acusado de sonegação fiscal. Dilma negou, mas a ex-secretária confirmou a versão durante depoimento no Senado.
No caso da quebra de sigilo fiscal de dirigentes do PSDB, a avaliação é de que Mantega demorou a perceber a gravidade do problema e a anunciar medidas que coibissem as irregularidades. Mantega ficou alheio ao assunto até que ordem do presidente empurrou-o a assumir as rédeas da crise, já no seu final. O episódio está sob investigação da Polícia Federal, que indiciou o jornalista Amaury Ribeiro Júnior por quatro crimes. Amaury chegou a ser convidado a integrar o grupo de inteligência da campanha presidencial de Dilma Rousseff.
O destino de Henrique Meirelles no Banco Central também é indefinido. Segundo apurou o Valor, o atual presidente do BC pode ser deslocado para uma pasta do setor de infraestrutura, como o Ministério dos Transportes, hipótese já discutida inclusive com Dilma, ou continuar onde está. O vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB), tem uma dívida política com Meirelles, pois este abriu mão de disputar a vaga na chapa presidencial, como filiado ao PMDB, e aceitou permanecer no governo Lula.
Para substituir Meirelles, os cotados são o diretor de Normas do Banco Central, Alexandre Tombini; o presidente da Febraban, Fábio Barbosa e o atual presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco. Os dois últimos nomes foram levantados nas discussões do governo por serem executivos do sistema financeiro.
Fonte: O OUTRO LADO DA NOTÍCIA
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