Ao mesmo tempo em que as importações oficiais de defensivos crescem de forma acelerada, em ritmo semelhante produtos irregulares cruzam a fronteira para o lado brasileiro. Estimativas do Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil (SINDIRECEITA) indicam que aproximadamente 30% dos defensivos usados no Brasil têm uma origem desconhecida.
"As apreensões de agrotóxicos irregulares aumentam a cada ano porque o volume que está entrando no país também é cada vez maior", afirma Sérgio de Castro, diretor do SINDIRECEITA. Segundo ele, existe uma indústria organizada atuando nesse mercado, usando inteligência para identificar com antecedência as "batidas" da RECEITA FEDERAL e a localização dos postos. A organização tem conhecimento até das formas de operação do órgão federal, diz Castro.
Em sua avaliação, seriam necessários pelo menos R$ 200 milhões anuais por ano para conseguir modernizar e aparelhar os postos de fiscalização da Receita em toda a região de fronteira. Estudo feito pelo SINDIRECEITA no ano passado e entregue à direção da RECEITA FEDERAL, Congresso e Casa Civil, mostra que existem 596 funcionários distribuídos em 31 postos para fiscalizar 16,8 mil quilômetros de fronteira seca do Brasil. Na prática, se cada um desses funcionários trabalhasse 24 horas por dia, teria que cobrir sozinho uma área de quase 30 quilômetros de fronteira.
Além do aumento do efetivo de servidores, o estudo do SINDIRECEITA indica a necessidade da adoção de novas tecnologias, como a instalação de scanners semelhantes aos existentes nos aeroportos. O treinamento e capacitação dos fiscais é outro ponto apontado como essencial para melhoria na fiscalização nas FRONTEIRAS.
"Entregamos o estudo para todas as autoridades competentes em dezembro passado. Até agora não tivemos resposta ou parecer de nenhum deles. Parece que tudo está funcionando perfeitamente bem em nossas FRONTEIRAS. Talvez fique assim até acontecer uma tragédia", afirma Castro. (AI)
Contexto
Apesar de os dados do mercado brasileiro de defensivos ainda não terem sido totalmente compilados, a estimativa do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag) é que o faturamento do setor em 2010 fique próximo de US$ 7,1 bilhões. O resultado coloca o setor novamente no patamar de 2008, quando as indústrias de defensivos tiveram seu melhor resultado. O número do ano passado representa um crescimento de 7,6% em comparação ao desempenho de 2009, quando a receita das indústrias somou US$ 6,6 bilhões. Contudo, o segmento de herbicidas - o maior da indústria de defensivos, com 40% do total - deve apresentar uma retração em seu faturamento. A queda nos preços do glifosato, herbicida mais utilizado no mundo e também no Brasil, deve provocar um impacto no segmento, mas não o suficiente para impedir o crescimento do mercado como um todo em 2010. Brasil e Estados Unidos são os dois maiores mercados para as empresas de defensivos. Segundo levantamento da Kleffmann, empresa de pesquisas no agronegócio, as indústrias do setor movimentaram US$ 6,3 bilhões nos EUA em 2009.
Fonte: VALOR ONLINE
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