Secretário americano destaca gargalos de infraestrutura
Autor(es): Eduardo Laguna
De São Paulo
Valor Econômico - 22/03/2011
O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Gary Locke, disse hoje que o ambiente de negócios no Brasil ainda impõe "obstáculos substanciais" a empresas que desejam investir no país. Em evento na Câmara Americana de Comércio (Amcham), o secretário criticou as dificuldades enfrentadas por empresas americanas com a lentidão em alfândegas e os gargalos em infraestrutura, além da pesada carga tributária e o complexo sistema legal brasileiro. Fora isso, citou que ainda há dúvidas sobre o compromisso do Brasil em apoiar a inovação, por meio de um fortalecimento nas regras de proteção à propriedade intelectual.
"Esperamos que o governo brasileiro continue em seus esforços para construir um ambiente de negócios mais transparente, com um marco regulatório mais consistente", assinalou Locke durante um discurso de cerca de 15 minutos.
O secretário esteve reunido ontem em São Paulo com executivos de multinacionais americanas instaladas no Brasil e ouviu deles reclamações sobre as dificuldades em escoar mercadorias pelos portos brasileiros, como os obstáculos relacionados à infraestrutura de logística e a lentidão causada pela burocracia alfandegária. Em entrevista a jornalistas, Locke citou a máxima de que "tempo é dinheiro", ao dizer que esses problemas têm pressionado os custos das empresas americanas.
O secretário de Comércio americano comentou que a infraestrutura no Brasil é um ponto que terá que receber atenção nos próximos anos. Ele lembrou que o governo brasileiro deverá realizar investimentos robustos no sistema aeroportuário, tendo-se em vista, sobretudo, a realização no Brasil da Copa do Mundo de futebol de 2014 e da Olimpíada de 2016.
Nesse sentido, Locke afirmou que as empresas americanas podem ajudar a custear os investimentos via parcerias com o setor público, aproveitando a expertise em setores como construção civil, engenharia, logística e segurança de aeroportos. Apesar de algumas críticas, o secretário fez elogios à situação econômica do Brasil e à forma como o país conseguiu superar rapidamente a crise financeira global, cravando um crescimento de 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado.
Locke, que acompanhou a comitiva de Barack Obama em Brasília e no Rio, repetiu a intenção do governo dos Estados Unidos em dar ao Brasil a mesma importância dada à Índia e à China. Disse também que o governo americano tem trabalhado para assegurar que o Brasil receba o reconhecimento e o tratamento adequados na economia global, apoiando o fortalecimento do papel do país no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco Mundial (Bird).
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