como criar um site

.

5 de junho de 2011

MOEDA VIRTUAL: SOLUÇÃO PARA VÁRIOS PROBLEMAS?

A virtuosa moeda virtual


Sitônio Pinto [ Jornalista ]

A carga tributária baixará. Esse é um dos efeitos da retirada do papel-moeda e do metal-moeda de circulação, substituído pela moeda de plástico ou pela moeda eletrônica – que já impera numa grande parte dos negócios, principalmente os de maior vulto. Por exemplo: quando alguém compra um carro à vista, ou dá uma entrada substancial, o pagamento quase sempre é feito por meio de transferência bancária, efetuado pelo computador ou pelo telefone do comprador. Ou, se o objeto da compra for um bem de menor valor que um automóvel – o caso de uma geladeira –, o pagamento quase sempre é feito pelo cartão de crédito. Hoje, já se fazem transferências e pagamentos pelo celular, e mais da metade dos brasileiros têm celular. E todo pequeno comerciante tem celular, seja vendedor de pipocas ou de amendoim (el manisero, como diz a rumba). Para pagar ou receber, é só botar o chip; o programa vem dentro..

E por que a carga tributária baixará? Porque todos os impostos serão recolhidos, já que todas as operações comerciais ficarão registradas e contabilizadas. Vantagem para quem já paga seus impostos corretamente. O contrabando e o descaminho são estimulados pela carga tributária elevada, pois o não pagamento dos impostos implica numa diferença grande a favor do preço das mercadorias clandestinas.

A moeda virtual, ou eletrônica, ou contábil, trará outra vantagem: ninguém roubará a bolsa de ninguém, pois a bolsa estará vazia. A bola sempre estará vazia, o dinheiro depositado no banco, dinheiro que ninguém poderá sacar, nem o dono. Ele poderá transferi-lo para outra conta, numa operação que ficará registrada e documentada, na entrada e na saída. Se Fulano roubar o carro de Sicrano, e vender a Beltrano, o pagamento só poderá ser feito por transferência bancária – e a operação ficará registrada, na saída da conta de Fulano e na entrada da conta de Beltrano.

A moeda virtual não impedirá o crime, mas complicará muito a operação criminosa. Por exemplo: o rateio do excedente do superfaturamento entre políticos e administradores inescrupulosos ficará registrado. Se uma empreiteira superfaturar uma obra em quinhentos ou mil por cento, terá dificuldade em rachar o lucro desonesto em jabaculês pagos a políticos e funcionários graduados. O Douto Leitor pode achar exagerado o superfaturamento de uma obra em quinhentos ou mil por cento, mas acontece:

Quando houve a tragédia do choque do Boeing com o Legacy nos céus de Mato Grosso, foi feita uma farsa de devassa na infra-estrutura aérea brasileira. Constatou-se que a reforma do aeroporto de Maceió foi superfaturada em 500 por cento. Botaram uma pedra pesada em cima e a denúncia desapareceu, nunca mais se falou no assunto, a não ser agora – na Tribuna do Norte. Foi também o que houve na construção do sistema de abastecimento d'água Gramame-Mamuaba, que serve à capital da Paraíba. O Sindicato dos Engenheiros denunciou o superfaturamento e o fato foi discutido na Assembléia Legislativa, mas tudo ficou como estava.

E a venda de produtos traficados, como o crack, a maconha, a morfina, a cocaína, a cachacina? Essas operações ficarão contabilizadas na conta do boqueiro, ou traficante. Um dia, poderão ser levantadas pela Receita Federal ou pela Polícia Federal. E quem comprou o bagulho também terá sua conta envolvida e documentada na operação. A medida não impedirá o tráfico, mas dificultará muito a vida dos traficantes e suas traficâncias. O vil metal desaparecerá substituído pela higiene eletrônica. Como o acessório acompanha o principal, o desaparecimento do metal (ou do papel) implicará no sumiço também da vilania. Haverá os chupa-cabras, que farão clonagem dos cartões. Mas esses poderão ser aperfeiçoados, portando os registros das digitais e de fundo de olho.

E se a moeda virtual não for bastante? Aí se soma a moeda virtual com a supressão da propriedade. Sem ter o que roubar, nem como pagar, não pode haver ladrões.



Artikel Terkait: