Lanchas da Receita Federal paradas no Porto de Manaus Foto : Sindireceita Amazonas |
Governo diz que coibir crimes de fronteira é quase impossível
Avião não tripulado ajudaria a monitorar fronteira com Peru
BRASÍLIA - Polícia Federal e Ibama reconhecem que é praticamente impossível coibir os crimes de fronteira, dada a dimensão amazônica, a proximidade com a fronteira e a falta de pessoal e de equipamento. O coordenador do Ibama em Tabatinga (AM), Erland Gomes, explica que o contrabando de madeira é uma atividade relativamente baixa, em relação ao tráfico de animais, especialmente de Aruanã, peixe ornamental comprado em aldeias indígenas brasileiras por R$ 1,50 e vendido em Bogotá (Colômbia) por até US$ 5.
Gomes afirma que apenas as operações conjuntas com a PF e o Exército conseguem coibir minimamente os crimes. E se diz perplexo ao ver a lancha da Receita Federal parada no Javari.
- Estou há três anos aqui nessa área de fronteira com Peru e Colômbia que deveria ser estratégica. Nunca tive uma lancha. O que essa lancha da Receita Federal faz?
Segundo a PF, o cedro e o mogno cortados no Brasil são acrescidos aos carregamentos do Peru, que partem de Estirão do Equador (AM) até Atalaia do Norte (AM) e Benjamim Constant (AM), na direção de Tabatinga. A madeira brasileira seria "esquentada" na serraria peruana Fisa, que alega comercializar madeira cortada legalmente no país vizinho. Como complicador ao controle, em 2000, o Peru estabeleceu na região um polo nacional de extração de madeira.
Falta de pessoal para guiar embarcações
A PF admite que os crimes na fronteira com o Peru poderiam sofrer um revés, caso o Veículo Aéreo Não Tripulado (Vant) já estivesse operando. Mas, o único Vant disponível está na fronteira com o Paraguai. Não há previsão para o equipamento chegar à fronteira com o Peru.
- A Polícia Federal está no local e reconhece o problema. A madeira tem documentação peruana legalizada - diz o coordenador-geral da Polícia Fazendária, Cláudio Ferreira Gomes.
Levantamento do Sindireceita, que representa os analistas tributários, aponta que nenhuma das quatro lanchas compradas em 2007 pela Receita, ao custo de R$ 4 milhões, está operando. Por meio de sua assessoria, a Receita reconhece que a burocracia impede o funcionamento de 11 lanchas blindadas, que custaram R$ 45 milhões.
As lanchas resistem a tiros de fuzil 7,62, de uso do Exército e transportam 12 pessoas. Segundo o diretor de Assuntos Aduaneiros do Sindireceita, Moisés Hoyos, a embarcação "Aduana Amazonas" parada no Javari, em Tabatinga, teve a pá quebrada por duas vezes e parou de navegor. A Receita informou que há negociação com a Marinha para reparar as embarcações. "As limitações para deslocamento no governo federal, máximo de dez pessoas por evento, máximo dez dias por evento e máximo de 40 dias por servidor, reduziu as equipes disponíveis para operação das lanchas", complementa.
Fonte: O GLOBO
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