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10 de abril de 2012

Conferência Livre realizada em Salvador aprova 08 propostas para a 1ª Consocial



Da redação
 Fonte: Jornalista responsável: Roberta Fagundes - (DRT – BA 2287)  
Dentre as oito propostas aprovadas na Conferência Livre de Controle Social da Gestão Tributária, realizada em Salvador, no último sábado (31), estão a criação do Conselho de Política e Administração Tributária (Conpat), a construção do Código de Defesa Fisco-Contribuinte e a realização de concurso público para Analista Tributários da Receita Federal e Agentes da Polícia Federal. As propostas foram aprovadas por mais de 100 participantes do evento e serão encaminhadas para a Conferência Nacional de Controle Social e Transparência (1ª Consocial), que ocorrerá em maio.
O tema do Controle Social da Gestão Tributária foi debatido sob a ótica dos Analistas-Tributários da Receita Federal, de pesquisadores e estudiosos do assunto, de gestores da esfera governamental e de representantes dos movimentos sociais. Leia as oito propostas no Box 02 da matéria.
Segundo dados divulgados pela Receita Federal (RF), no último dia 27, a arrecadação de tributos no Brasil bateu recorde no mês de fevereiro, chegando a R$ 71,902 bilhões em impostos e contribuições. Esse resultado é 12,1% maior que o registrado no mesmo período de 2011 em termos nominais (sem considerar a inflação), e representa um aumento real (descontada a inflação) de 5,91% sobre fevereiro de 2011. Para a presidenta nacional do Sindireceita, Silvia Felismino, “o Sindicato busca um debate amplo e macro com a sociedade. A Receita Federal do Brasil bate recorde de arrecadação, mas não é um órgão eficiente. O Sindireceita acredita que é possível fazer uma redistribuição dos milhões que são arrecadados pela RF de forma mais justa e em benefício da população”.
“A administração pública não pode dar conta, sozinha, de fiscalizar e acompanhar a sua própria gestão. O fortalecimento dos espaços de controle social é importante para democratizar e dar mais eficiência ao desempenho da administração pública”, afirmou Belanízia Ribeiro dos Santos, coordenadora do Movimento da Pessoa Idosa da Bahia.
As apresentações dos Analistas-Tributários, durante a Conferência Livre, revelaram a preocupação da categoria com a carência de servidores e de infraestrutura da RF. Essa realidade impacta na fragilidade da fiscalização do órgão e no conseqüente incômodo da sociedade que não enxerga a aplicação desses recursos em seu benefício. O secretário-geral do Sindireceita, Jether Abrantes de Lacerda, foi um dos defensores das propostas de criação do Conselho de Política e Administração Tributária (Conpat) e de construção de um Código de Defesa Fisco-Contribuinte. “O Conpat será composto por representantes do poder público e da sociedade, e o Código deve ser reconhecido nacionalmente e capaz de assegurar a transparência da atuação do Fisco em relação ao cidadão”. Entre alguns aspectos de inovação na relação Fisco-Contribuinte, o Código prevê que a Administração Tributária se obriga a fornecer as informações solicitadas pelo cidadão. “É necessário abrir a caixa preta que é a Receita Federal e que a sociedade conheça todas as informações necessárias para
tomar as melhores decisões em benefício da coletividade”, afirmou Gleciara Ramos, Delegada Sindical do Sindireceita – DS Salvador.
Na ótica dos estudiosos do tema, a questão foca na qualidade do diálogo estabelecido entre o poder público e a sociedade civil. A Coordenadora de Pesquisa do Núcleo de Estudos Fiscais da FGV, Prof.ª Mariana Pimentel Fischer Pacheco, apresentou reflexões sobre a possibilidade de construir uma relação de confiança e de cooperação entre o Fisco e o contribuinte. Em seu estudo sobre o tema, ela aponta que a Administração Tributária não deve apenas buscar detectar sonegação e irregularidades, e punir. Em vez disso, estabelecer uma relação de confiança entre o Fisco e o contribuinte pode ser um caminho alternativo que implique em resultados mais positivos para a sociedade.
Em 2011, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), publicou o estudo “Efetividade das Instituições Participativas no Brasil: estratégias de avaliação – volume 07”, discorrendo sobre o impacto de decisões políticas em municípios que implantaram instrumentos de participação popular. Um dos municípios estudados foi Vitória da Conquista, no sudoeste baiano, onde o O Orçamento Participativo foi implantado há mais de 16 anos. Nas discussões populares ao longo desse período, o município decidiu priorizar os investimentos em saúde, educação e infraestrutura. Distante mais de 400 km de Salvador, Conquista se tornou referência no tratamento de doenças como a AIDS e conseguiu reduzir os índices de mortalidade infantil.
Segundo o Ministério da Saúde, em 1996, para cada mil crianças nascidas vivas, 29 morriam antes de completar o primeiro ano de vida. Como muitas famílias, principalmente na zona rural, não registravam as crianças assim que nasciam, provavelmente muitas mortes de crianças com menos de 1 ano de idade não foram notificadas. Por isso, estima-se que os índices reais de mortes de crianças entre 0 e 1 ano, em 1996, tenham chegado a cerca de 55 óbitos para cada mil nascidas vivas. No final de 2008, o município registrou uma taxa de mortalidade infantil de 19,9 /mil, uma das menores entre os municípios nordestinos. A implantação da UTI Neonatal no Hospital Municipal Esaú Matos impactou na redução da mortalidade perinatal, que atinge crianças com até sete dias de vida e corresponde a 50% dos casos de mortalidade infantil.
“A importância do Orçamento Participativo reside, sobretudo, no fato de ter modificado o posicionamento da população em relação à Prefeitura. Ao discutir e definir prioridades, os investimentos públicos foram realizados em obras que a comunidade entendeu serem necessárias. Resultado: não foi investido um centavo em “elefantes brancos”, a comunidade se apropriou das obras, se aproximou do poder público e passou a fiscalizar a sua atuação”, afirmou Paulo Cezar Lisboa, Secretário de Relações Institucionais do Governo da Bahia.
Além das propostas aprovadas, a Conferência Livre vai encaminhar reivindicações da sociedade aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. A presidente da Associação das Baianas de Acarajé (Abam), Rita Ventura, defendeu a inclusão da atividade Baiana de Acarajé no cadastro de atividades do Micro Empreendedor Individual (MEI), por ser atividade reconhecida como
patrimônio imaterial nacional e já ser desempenhada em 17 estados brasileiros. A plenária também defendeu a necessidade de proteger o direito de associação e de culto religioso, utilizando o princípio da isonomia tributária na aplicação de penalidades para as associações sem fins lucrativos de pequeno porte, pelo atraso no cumprimento de obrigações acessórias, como o atraso na entrega de declarações, nos níveis federal, estadual e municipal. A terceira reivindicação a ser encaminhada aos órgãos públicos é a cobrança do respeito a isenção e a imunidade para as associações e para os templos religiosos, verificando o respeito da não cobrança de tributo nos níveis federal, estadual e municipal.
A Conferência Livre foi promovida pelo Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil (Sindireceita) e pelo Fórum Bahia Transparente. Também participaram do debate os representantes da Associação de Bairros de Salvador, da União de Mulheres, Conselho Municipal do Idoso, educadores, representantes de rádios comunitárias e produtores culturais e com o presidente do Tribunal de Contas do Estado, Zilton Rocha.
BOX 01
Assista ao documentário “Fronteiras Abertas”, do jornalista Rafael Godoi.
O documentário “Fronteiras Abertas: Um Retrato do Abandono da Aduana Brasileira”, do jornalista Rafael Godoi, denuncia os problemas enfrentados pela Receita Federal na fiscalização das fronteiras do Brasil.
Com forte impacto econômico e social no país, a situação dos 31 pontos de passagem terrestre, distribuídos nos 16,8 mil Km de fronteira com outros países, revela o descontrole e a carência de servidores e de infraestrutura que implicam na fragilidade da fiscalização, na evasão de recursos e na entrada de drogas, armas, munição e contrabando no território nacional.
O livro reportagem e o documentário estão disponíveis em




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