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20 de fevereiro de 2013

Em Belém: Sindireceita (DS-Belém) participa de ato de solidariedade em favor de Inspetora

A pressão exercida pelo jornal “O Liberal” contra uma auditora-fiscal da Receita Federal na tentativa de pressioná-la em favor da ORM Air Táxi Aéreo Ltda., empresa de Romulo Maiorana Jr., investigada em processo administrativo que julga a prática de descaminho (entrada de produtos importados sem o devido pagamento de impostos) envolvendo um jatinho de luxo de US$ 15 milhões, teve repercussão nacional. 

O auditório do prédio dos Mercedários ficou tomado na manhã de ontem (19) por auditores fiscais da Receita Federal, dos fiscos estadual e municipal, agentes de inspeção do trabalho e analistas tributários que se uniram em ato público de solidariedade à auditora Cláudia Mello, inspetora da Alfândega no Aeroporto Internacional de Belém responsável pelo processo.

Nas últimas semanas a construtora Freire Mello, empresa do marido de Cláudia Mello, vem recebendo ataques sistemáticos do jornal “O Liberal”, também de propriedade de Romulo Maiorana Jr. O intuito é pressioná-la a desistir da apuração ou dar um parecer favorável à empresa dos Maiorana. As notas citam obras em conjuntos residenciais na antiga Fazenda Val-de-Cans, denunciando supostas irregularidades por parte da Freire Mello. Com isso, os Maiorana pretendem impor prejuízos aos negócios da Freire Mello e intimidar a inspetora.

Sérgio Aurélio Veloso Diniz, 2º vice-presidente do Sindicato dos Auditores fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco Nacional) esteve ontem em Belém e disse que o ato, acima de tudo, objetivou fortalecer o Estado brasileiro através do fisco. “Não podemos aceitar achincalhes e chantagens contra um servidor público que atua no cumprimento da Lei como foi feito. Isso também é um ataque à sociedade brasileira. Quem faz chantagem é bandido e não podemos estar ao lado de bandidos”, disparou.

Diniz assegura que a Lei continuará a ser cumprida e que vai propor a realização de um seminário em Belém para debater a Liberdade de Imprensa e o Estado brasileiro. “Ter uma Imprensa livre é uma prerrogativa democrática indispensável. O que nos preocupa é que determinados grupos querem deter o monopólio da informação e, às custas disso, se tornar a voz oficial. Quando essa voz oficial fala a verdade, ótimo. Agora quando essa voz mente, o perigo é grande”, compara o dirigente nacional do Sindifisco.

Auditora recebe solidariedade de sindicato

O Sindicato dos Servidores do Fisco Estadual do Pará também esteve no ato e prestou solidariedade à auditora. “O servidor público não pode ser constrangido no exercício da sua função, que é a de defender a Lei, independente se isso contraria interesses de A, B ou C. Viemos aqui para reafirmar a autonomia e a independência do fisco, que realiza um trabalho fundamental para a sociedade. Sem recursos não há Estado e não há como oferecer serviços para a população. Não podemos permitir que os auditores sofram pressão externa, venha de quem vier”, aponta Charles Alcântara, presidente da entidade.

Para ele, a servidora deve continuar a realizar seu trabalho, que será apoiada, seja qual decisão tomar. “Existem os canais legais que qualquer contribuinte pode recorrer para contestar as decisões do fisco, se considerar que foi lesado. Não podemos aceitar é que venham à tona meios ilícitos de ameaças e de intimidação”.

Ana Lídia Azevedo Corrêa, presidente da Afisb, entende que todos os trabalhadores do fisco, no âmbito municipal, estadual e federal, precisam estar juntos nesse momento e mostrar para a sociedade o papel do fisco. “Estamos nos solidarizando com uma colega que está sofrendo uma pressão que não poderia jamais ocorrer, já que nós auditores apenas cumprimos a lei e não podemos aceitar qualquer tipo de ingerência no nosso trabalho, que é garantir que o recurso que o contribuinte paga retorne para a sociedade em serviços públicos de qualidade”.

Os manifestantes decidiram não emitir qualquer juízo de valor em relação ao processo que investiga a ORM Air na Receita Federal, que está sob sigilo fiscal e ainda não foi julgado. Cláudia Mello esteve presente ao ato público e recebeu a solidariedade de todos os presentes.

Fiscais não aceitam intimidação

Ao final do ato, as entidades sindicais presentes repudiaram as tentativas de intimidação contra servidores da Receita Federal do Brasil no exercício de suas funções, prestando “solidariedade aos servidores da Receita Federal do Brasil em exercício no aeroporto internacional de Belém no direito e na garantia de sua atuação profissional, livres de quaisquer tipos de pressões”.

A nota reforça ainda “a necessidade de liberdade e independência de convicções das autoridades fiscais nas diversas esferas do Fisco, em suas atuações profissionais como garantia dos direitos da sociedade e da própria segurança jurídica dos contribuintes”, para em seguida requerer da direção da Receita Federal do Brasil “manifestação de apoio à independência e autonomia da fiscalização federal, vinculada a lei, bem como, providências tendentes a apurar eventuais pressões externas sobre servidores da Receita Federal do Brasil no Aeroporto Internacional de Belém, visando a integridade física e profissional dos servidores daquela Unidade Fiscal”.

Assinaram o manifesto a Associação dos Auditores Fiscais do Município de Belém (Afisb); Associação dos Servidores da Funpapa (Asfunpapa); Associação dos Agentes da Inspeção do Trabalho (Assintra), Sindicato dos Servidores do Fisco Estadual do Pará (Sindifisco Estadual), Sindicato dos Auditores fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco Nacional); e Sindicato dos Analistas Tributários da Receita Federal no Brasil (Sindireceita).

Sérgio Pinto, vice-presidente da Delegacia Sindical do Pará e Amapá do Sindifisco Nacional, que organizou o ato, reafirmou que todas as categorias presentes manifestaram apoio total e irrestrito à Claúdia Mello para que tenha toda a autonomia e convicção nas decisões que irá tomar daqui para frente. “Nossa entidade sindical não irá permitir que qualquer tipo de intimidação possa influenciar as suas decisões profissionais. E ela terá todo apoio para isso, já que tem toda a bagagem profissional para exercer seu trabalho. Não aceitaremos que os trabalhadores do fisco federal sejam intimidados”.
(Diário do Pará)




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