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1 de junho de 2014

Seminário Internacional de Regiões de Fronteira: Fronteira aponta obstáculo na legislação para obter recursos

No primeiro dia do Seminário Internacional de Regiões de Fronteira: desafios para a integração transfronteiriça, em Foz do Iguaçu, um decreto foi elaborado pela Secretaria de Ações Internacionais da Presidência da República em parceria com a Itaipu para que os problemas na área da saúde sejam superados.
Um dos gargalos nas regiões de fronteira é a utilização do SUS (Sistema Único de Saúde) pela população estrangeira, uma demanda que dobra os gastos com a saúde, já que a União só repassa recursos a partir do número de habitantes brasileiros. Em Foz, a pressão nas unidades de saúde é feita também por brasiguaios. “O governo federal encaminha recursos para 275 mil habitantes, o último registro divulgado pelo IBGE, no Censo de 2010, mas Foz possui 800 mil cartões do SUS. Os demais que utilizam o SUS, como turistas, brasiguaios e a população dos países vizinhos, não são contabilizados, mas geram custos. Isso dificulta a atuação das prefeituras”, relata o secretário de Ações Internacionais da Presidência, Luiz Azevedo. O decreto auxiliará essa demanda e os prefeitos por meio de acordos entre os gestores, que enfrentam problema considerado comum nessas regiões.
A procura pelo atendimento gratuito é registrada em sua maioria por paraguaios, argentinos e brasiguaios. “Todos vêm se beneficiar do nosso plano de saúde e isso eleva as despesas, já que a verba liberada pela União corresponde somente à população brasileira”, ressalta o secretário. O decreto possibilita o aumento do repasse à saúde, recalculando o número de usuários, incluindo os pacientes de outros países. A previsão é que em um mês, a União repasse à prefeitura de Foz o novo valor, que ainda não foi definido. 
“A legislação existente hoje dificulta muito a atuação dos prefeitos e a canalização de recursos, além de dificultar investimentos em infraestrutura, políticas públicas de saúde, educação e segurança. Esse é o desafio proposto no seminário, debatendo as oportunidades que as regiões de fronteira possuem para melhorar esses quesitos”, explica Azevedo.
Ainda em relação aos problemas da saúde pública, o diretor da Itaipu Binacional, Jorge Samek, afirma que o decreto só trará benefícios à região, e se tornará a redenção dos problemas que os municípios enfrentam. “A demanda nos hospitais de Foz do Iguaçu é muito grande. Cada vez mais turistas, indígenas e estrangeiros buscam o nosso atendimento, que é gratuito. O decreto altera o procedimento atual e garante mais recursos às cidades para aplicá-los na saúde pública. A vida de quem mora na fronteira é muito diferente da do interior do Brasil. Obviamente essa formatação é discutida no seminário, garantindo avanços”, relata Samek. Hoje, o SUS atende 588 municípios fronteiriços, 11 estados e aproximadamente dez milhões de pessoas que moram nos países vizinhos. 
Integração dos países do Mercosul incentivam desenvolvimento
Jorge Samek destaca que o processo de integração transfronteiriça chegou em boa hora. “O comércio do Mercosul nesses 25 anos multiplicou sete vezes e hoje é considerado o segundo maior mercado mundial, atrás apenas da China e à frente dos Estados Unidos. A venda de produtos industrializados é fruto dessa integração, que deve ser fortalecida”, comenta o diretor da Itaipu.  As características de integração e cooperação são repassadas no seminário pelo secretário-geral da Arfe (Associação das Regiões de Fronteira da Europa), Nahuel Oddone, relembrando trabalho feito entre os países europeus, que trouxe resultados positivos aos municípios. 
Aílton Santos

No seminário, o decreto que aumenta o repasse da União à saúde pública de Foz do Iguaçu foi elaborado

Secretário de Ações Internacionais da Presidência da República, Luiz Azevedo, uma das autoridades presentes no evento em Foz

Richa critica falta de investimentos

Em Cascavel, o governador Beto Richa (PSDB) criticou a falta de investimentos do governo federal nas cidades de fronteira no Paraná. Diante do avanço do crime organizado e falta de respaldo do Ministério da Justiça, o Estado implantou o BPFron (Batalhão de Polícia de Fronteira).  "Seria obrigação do governo federal, com as forças armadas, com a Política Federal, mas eu não posso ficar de braços cruzados e deixar de investir", disse.
Richa declarou que investir em segurança internamente e não proteger as fronteiras é o mesmo que "enxugar gelo". "A fronteira é a grande porta de entrada da arma pesada e droga para o resto do País. É dever do governo federal investir mais pesado na segurança desta região".

Brasiguaios x Propriedades 

Em relação à luta pelas propriedades adquiridas pelos brasiguaios, Luiz Azevedo relata que esse é um processo de reflexão e que planos e estratégias devem ser elaborados para que essa questão avance. “É um processo lento, mas que tem avançado. Temos muitos acordos “extra-legais”, ou seja, que não abrangem as legislações supranacionais que dão apoio a essa problemática. Tenta-se solucionar esse problema a partir de iniciativas do governo federal, mas ainda não há um conjunto de soluções definitivas”, diz.

Segurança nas regiões de fronteira 

“A melhor segurança que a gente teria na região da fronteira implica na melhoria das condições de fiscalização fronteiriça, mas a principal ação é a busca por políticas de cooperação que reduzam as atividades de criminalidade entre os países vizinhos”, garante o secretário Luiz Azevedo em relação às medidas de segurança que deveriam ser aplicadas nos 15 mil quilômetros de fronteira, abrangendo 11 países dos 14 pertencentes à América do Sul. Juntos, têm área de 2,3 milhões de metros quadrados.
Os recursos aplicados até o momento em fiscalizações e policiamento não são suficientes para combater a criminalidade e na área de recursos humanos somam-se despesas absurdas. Mesmo assim, o debate no Seminário Internacional de Regiões de Fronteira versa em torno de investimentos que conectem as polícias dos países de fronteira com a finalidade de obter uma identificação dos crimes cometidos entre os municípios fronteiriços, com aporte de mais fiscais e homens do exército.

Principais gargalos 

Os principais gargalos estruturais encontrados nas regiões de fronteira são: poucas pontes de contato, rodovias e ferrovias; problemas de fiscalizações nas aduanas e a utilização de recursos tecnológicos disponíveis por mais segurança. “Para implantar tudo isso demora, mas já tivemos avanços. À medida que se enfrentam os gargalos de infraestrutura e se passa a ter uma política mais de cooperação do que de conflito, mais de contato do que de separação, propicia-se o desenvolvimento de negócios, de contatos comerciais, e isso com certeza vai aumentar as oportunidades de emprego e qualidade de vida de todo mundo”, diz Luiz Azevedo.

desafios estruturais

  • Poucas pontes de contato, rodovias e ferrovias
  • Problemas de fiscalização em aduanas
  • Necessidade de aplicação do decreto à saúde
  • Utilização de tecnologia à segurança
  • Detalhamento de mercadorias
Fonte: O PARANÁ


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