Manaus - Os fabricantes de eletroeletrônicos da
Zona Franca de Manaus (ZFM) querem que o governo federal encontre
mecanismos para dificultar as importações. “O governo poderia elevar o
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) cobrado na importação”,
disse o presidente do Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos,
Eletrônicos e Similares de Manaus (Sinaees), Wilson Périco, em
entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
De acordo com a
reportagem, o aumento de tarifas seria uma ação emergencial e
temporária, enquanto o governo não ataca os antigos tormentos do setor
produtivo: carga tributária elevada, juros altos e câmbio desfavorável
às exportações - todos reflexos de um Estado gastador. A demanda dos
industriais será uma das dores de cabeça do presidente eleito.
O
setor de eletroeletrônicos quer que o governo eleve a tarifa de
importação de alguns produtos dos atuais 12% para 35%. Segundo o
presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica
(Abinee), Humberto Barbato, essa é a tarifa consolidada do Brasil na
Organização Mundial do Comércio (OMC).
Outro setor afetado pela
concorrência de importados, o de máquinas, um boletim reivindicando,
entre outras providências, direitos antidumping. Trata-se da elevação
de tarifas de importação para barrar a concorrência desleal. Os
fabricantes de lâmpadas e luminárias, reunidos na Associação Brasileira
da Indústria de Iluminação(Abilux), querem do governo medidas para
fortalecer o setor. O objetivo é preservar os fabricantes de luminárias
e controladores e atrair fábricas de lâmpadas fluorescentes compactas
(hoje importadas) e de LEDs.
Impor barreiras a importados na
forma de tarifas não é a opção preferida do governo. O ministro do
Desenvolvimento, Miguel Jorge, disse que é preciso evitar uma guerra
cambial, para não descambar numa guerra comercial. O ministro da
Fazenda, Guido Mantega, conversou com o diretor-geral da OMC, Pascal
Lamy, sobre a adoção de uma política coordenada para lidar com o
problema do câmbio. “A escalada protecionista, a gente sabe onde vai
dar: a recessão dos anos 1930 foi resultado disso”, alerta o economista Flávio
Castelo Branco, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A entidade
pretende entregar ao futuro presidente um conjunto de propostas para
lidar com a crise na indústria. O aumento de proteção tarifária não
está entre elas.
Marcas preferem trazer produtos do exterior
No
setor de eletroportáteis, um dos mais afetados pelos importados, muitas
marcas conhecidas dos brasileiros já não fabricam mais alguns produtos.
Preferem trazê-los do exterior e só comercializá-los. “Temos evidências
importantes que demonstram que há, sim, desindustrialização”, diz o
presidente da Abinee, Humberto Barbato.
Em 2005, 15% do
faturamento do setor vinha dos produtos importados. Em 2010, essa
participação está em 20,7%. “Isso demonstra que estamos aumentando e
muito a quantidade de produtos acabados importados”.
Hoje, 87% dos aparelhos de DVD comercializados no Brasil são importados. “E esse produto já foi carro-chefe de muitas indústrias grandes daqui”, observa o presidente do Sinaees, Wilson Périco. “Não vemos fábricas fechando porque elas estão fazendo outras coisas”.
Hoje, 87% dos aparelhos de DVD comercializados no Brasil são importados. “E esse produto já foi carro-chefe de muitas indústrias grandes daqui”, observa o presidente do Sinaees, Wilson Périco. “Não vemos fábricas fechando porque elas estão fazendo outras coisas”.
Em agosto, a produção
industrial do País registrou uma queda de 0,1%, de acordo com o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas o resultado
acumulado nos oito primeiros meses do ano mostra um avanço na casa dos
14,1%. No mesmo mês, a Confederação Nacional da Indústria (CNI)
registrou aumento de 0,5% nas horas trabalhadas e de 0,8% no emprego,
embora o faturamento tenha caído 0,3%.
Outros números, porém,
mostram que há algo errado. O consumo do brasileiro cresce a taxas de
8% a 9%, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) se expande a 7%. A
diferença é suprida por importados. O comportamento dos saldos
comerciais de diversos setores da indústria também reforça essa
percepção.
Fonte: D24AM
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