Dia de homenagem
Ato homenageia policiais mortos no Amazonas. Diretor-Geral da PF não foi, nem mandou representantes.
Cerca de 150 policiais federais participaram na manhã desta quarta-feira do ato em memória dos agentes federais Leonardo Matzunaga e Mauro Lobo assassinados no Amazonas na última semana. A homenagem aos colegas foi marcada por pronunciamentos fortes dos dirigentes sindicais e também pela celebração religiosa conduzida pelo padre e deputado federal pelo PT da Paraíba, Luiz Couto.
Em sua celebração Luiz Couto falou sobre a importância da Polícia Federal e do trabalho realizado pelos policiais federais por todo o Brasil. Couto ressaltou que aquela era uma cerimônia em homenagem aos agentes falecidos, mas também aos policiais que continuam combatendo o bom combate. “É preciso continuar lutando”, disse o deputado que em seguida chamou todo a orar pelos dois policiais. A celebração foi encerrada com uma benção aos familiares dos colegas, e aos presentes e com uma salva de palmas aos colegas assassinados.
Paulo Pimenta (PT-RS), também presente no encontro, disse que a morte dos dois policiais não pode ter sido em vão. “Elas tem que nos inspirar a buscar as mudanças”, disse. Pimenta frisou que a Polícia Federal precisa de mudanças estruturais profundas com uma Lei Orgânica de verdade. “Hoje o grande problema que temos são as fronteiras, e muitas das operações realizadas por lá têm que ser coordenadas por policiais com experiência e não por delegados recém empossados na PF”. Pimenta reafirmou o apoio aos policiais e seu apoio às propostas das entidades de classe da categoria.
O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais Marcos Vinício Wink ressaltou que três criaturas foram responsáveis pela morte dos policiais. “O primeiro é o superintendente da PF no Amazonas”. Segundo Wink, na gestão do delegado, o terceiro com maior índice de rejeição do Brasil, morreram três peritos, a casa do presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Amazonas foi metralhada e agora dois policiais são assassinados. Wink lembrou que Mauro Lobo denunciava na própria Superintendência as precárias condições de trabalho à disposição dos policiais o que o levou a ter a antipatia do chefe. “E agora esse superintendente aparece chorando no jornal”, disse o presidente emocionado.
O presidente da Fenapef também destacou a culpa do diretor Luiz Fernando Corrêa. Wink frisou que quando o DG assumiu o comando da corporação contava com apoio de agentes, escrivães e papiloscopistas, mas se afastou dos policiais. “Os colegas morreram porque não existem recursos para comprar equipamento de ponta, mas dinheiro para remoções e viagens para Europa de alguns delegados não falta na gestão desse DG".
Wink destacou o IPL como o terceiro responsável. Ele disse que qualquer inquérito policial absorve o trabalho de 10 policiais que irão se dedicar a produzir burocracia. “Na missão para conter os traficantes foram designados apenas sete policiais”, denunciou. Para ele a atividade fim da polícia, que é proteger a sociedade, está sendo deixada de lado. “A PF está sendo transformada em uma imensa máquina de produzir papéis, enquanto isso a cocaína e os fuzis entram por nossas fronteiras”.
O ex-presidente da Fenapef, Francisco Garisto, também fez uso da palavra. Garisto condenou os policiais que preferiram ficar em suas salas ao invés de participar do ato em homenagem aos policiais mortos. “Além disso, a Divisão de Comunicação Social não deu uma linha sobre a morte dos colegas. Isso demostra qual o apreço desta direção pelos seus policiais”, disse o ex-presidente.
Olhando para o alto do edifício sede, Garisto chamou o diretor-geral para o ato que acontecia no térreo para, pelo menos, se solidarizar com a família de Matzunaga. Ele não apareceu.
A presidente do Sindicato dos Policiais Federais na Bahia Rejane Peres, muito emocionada, leu a carta da mãe de um policial federal enviada para o presidente da Fenapef. Na carta ela narra as dificuldades enfrentadas pelos policiais nas fronteiras e faz um apelo. “Espero que não seja preciso perdermos mais nossos filhos, maridos ou pais policiais para que se valorize e ampare o trabalho desenvolvido por esses homens que põem em risco as próprias vidas para salvar as dos consumidores dessa substância química entorpecente e ilegal, que circula em todas as camadas sociais do nosso planeta”.
FAMÍLIA - Melissa Matzunaga irmã do agente Leonardo Matzunaga disse que a família quer apoiar a luta dos policiais federais. “Meu irmão era uma pessoa muito alegre e querida e o perdemos para os bandidos. Agora queremos que a morte dele não tenha sido em vão”, disse Melissa emocionada. A irmã do policial fez um apelo ao DPF e ao governo para que equipem melhor os policiais para que mortes como a dos dois policiais não ocorram mais. “Pedimos que todos vejam este triste episódio com um marco, porque as coisas não podem continuar desse jeito”.
Fonte: FENAPEF
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