O tráfico de drogas vai sempre existir, já que existe uma demanda pelo produto. Mas é possível desidratar o poder dos traficantes e de outros ramos do crime organizado. A maneira mais eficiente de alcançar esse objetivo é estrangular o fluxo de armas que permite que os criminosos tenham um poder de fogo capaz de fazer frente ao da polícia.
A fonte desse armamento é conhecida de todos. Em 2006, a CPI do Tráfico de Armas mapeou os principais pontos de entrada dos produtos que fazem parte do arsenal ilegal que circula pelo país. Segundo o relatório final da comissão, aprovado por unanimidade por parlamentares de todos os partidos, quase 80% das armas vêm do Paraguai.
Uma outra rota passa pelo porto de Santos, onde mais de 2 milhões de contêineres foram movimentados no ano passado. Segundo a própria Receita Federal, pouco mais de 1% desse total foi efetivamente fiscalizado. A razão seria a falta de pessoal para dar conta de tanto trabalho.
A responsabilidade por fechar essas portas é do governo federal, além de equipar melhor os órgãos encarregados da fiscalização e traçar políticas de repressão eficiente, aumentando o policiamento das fronteiras, inclusive com o uso do Exército se necessário. Mas isso não basta. É preciso agir junto aos países vizinhos para que eles também façam a sua parte.
O caso do Paraguai é emblemático. A política externa brasileira em relação a esse vizinho problemático poderia ter como norte ajudá-lo a construir um sistema político e instituições que favoreçam a redução da criminalidade lá e aqui. Só para se ter uma ideia, a maioria das armas que entram no Brasil é de fabricação nacional, que sai daqui legalmente e retorna como contrabando.
O governo brasileiro, no entanto, tem tido uma relação ambivalente com os líderes paraguaios e seu país. Ora quase ignora a sua existência, ora passa-lhes a mão na cabeça, como se fossem apenas crianças inconsequentes.
Mas o Brasil tem condições, inclusive econômicas, de fazer uma grande diferença na melhora das instituições paraguaias, hoje contaminadas por diversos grupos criminosos. Não é fácil nem barato assumir tal responsabilidade. Os brasileiros, porém, gostam de se ver como líderes da América do Sul, mas não se dispõem a assumir o peso que isso significa.
Fonte: DESTAK JORNAL - SP
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