A presidente eleita, Dilma Rousseff, ainda nem bateu o martelo em torno do nome do futuro ministro da Justiça, mas delegados, agentes, escrivães, papiloscopistas e peritos da Polícia Federal fazem intensa movimentação de bastidor para tentar influenciar na escolha do próximo diretor da instituição. O atual diretor, Luiz Fernando Corrêa, já deu sinais de que deve deixar o cargo na troca de governo, no fim do ano.
A PF é uma das áreas mais delicadas da administração.
Investigações criminais devastaram reputações de políticos ao longo da década e também tiveram forte impacto nas duas últimas eleições presidenciais.
Entre os delegados, dois nomes despontam como favoritos para substituir Corrêa: Roberto Troncon, diretor de Combate ao Crime Organizado, e Hildo Gasparetto, superintendente da PF no Rio Grande do Sul.
Mas, a exemplo do que ocorreu nas trocas de comando anteriores, a dança das cadeiras na PF está longe de ser pacífica. O clima entre delegados de um lado, e agentes, escrivães e papiloscopistas de outro, é tão tenso que a Federação Nacional de Policiais Federais (Fenapef) decidiu levantar uma nova bandeira.
Fenapef quer alçar policiais da base a cargos de chefia

Para os sindicalistas, só um diretor neutro poderia arbitrar com imparcialidade os recorrentes conflitos de interesse entre delegados e policiais das demais categorias.
É antiga aspiração da Fenapef de alçar policiais da base da corporação a cargos de chefia. A federação entende, também, que agentes poderiam até mesmo assumir o comando de algumas investigações criminais.
— Pretendemos que o novo diretor seja alguém de fora, para acalmar os ânimos. Se tem um jogo entre o Flamengo e o Grêmio, não dá para colocar um juiz com a camisa do Grêmio para apitar o jogo — afirma Marcos Winck, presidente da Fenapef.
O presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, Reinaldo de Almeida César, tem ponto de vista diferente. Segundo ele, a associação deverá apoiar o nome escolhido pelo futuro ministro da Justiça. Reinaldo argumenta que a diretoria da PF é cargo de confiança do ministro, e, para a Polícia Federal, é muito melhor que os dois tenham um bom relacionamento.
O delegado chegou até a se opor à elaboração de uma listra tríplice que estava sendo sugerida por colegas.
— A polícia teve seus melhores momentos quando os ministros da Justiça tinham proximidade com os diretores.
Foi assim no período do ministro Márcio Thomaz Bastos, com o diretor Paulo Lacerda; foi assim no período do ministro José Gregori, com o diretor Agílio Monteiro Filho. E foi assim, também, na época do ministro Nelson Jobim e do diretor Vicente Chelotti. É o ministro da Justiça que encampa as reivindicações da polícia — afirma Reinaldo.
Fonte: O Globo
Leia também: Três candidatos à direção da PF
Artikel Terkait: