Antes de qualquer coisa esclareço que não pretendo ser utópico ou idealista, até porque acho que sou bastante realista, então escrevo apenas para reflexão dos colegas da Receita Federal (ATRFB, AFRFB, Serpro, PECFAZ, ATA e etc), e quem sabe aos dirigentes das entidades sindicais que nos representam e da nossa Administração. Com a experiência de 16 anos que possuo de casa e de lutas sindicais gostaria de narrar objetivamente o que penso sobre a atuação sindical dos dois maiores sindicatos de servidores da Receita Federal, tentando ser isento das paixões que sempre afloram nesses assuntos, reconhecendo erros e acertos de todos, mas principalmente possibilidades de avanços reais para os servidores e para a RFB.
Penso que esteja próximo o momento de os sindicatos de servidores públicos, que representam os servidores da Receita Federal do Brasil, em especial Sindifisco e Sindireceita, despidos de todo ódio, rancor e desconfiança acumulados durante anos de enfrentamento, que infelizmente foi assimilado por ambas as categorias, para buscarem juntos um estratégia de paz para que possam “resgatar seus mortos e feridos no campo de batalha”.
Irracionais agressões mútuas através de boletins, da imprensa ou até mesmo junto a parlamentares e políticos ao longo de tantos anos levaram ambas as categorias a uma insuportável situação de convivência dentro das repartições da Receita Federal. Por várias vezes se externou as entranhas da Receita Federal e da luta interna de seus servidores, mostrando à sociedade o pior retrato de uma guerra desnecessária e insana, que já denominei certa vez de fratricida. Chegou-se ao ponto, em não raras ocasiões, de tornar insalubre o convívio entre ATRFB’s e AFRFB’s em alguns setores da casa.
Para alguns, o que narro aqui pode parecer exagero, mas não é! Essa luta fratricida, que pouco tem de “sindical”, pois está mais para “visceral”, alimentada por uma dúzia de imbecis de ambos os lados, dirigentes ou não, que destilam e propagam o ódio, os chamados “pit bulls”, que vociferam contra colegas como se fossem representantes do demônio ou o próprio “coisa ruim”, não podem ser a voz da maioria. E não são! Sei que a ampla maioria concorda com a possibilidade de um armistício sindical e precisamos dizer isso aos nossos representantes. A frase atribuída a Martin Luther King é emblemática: “O que me preocupada não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”.
Essa passionalidade sindical trouxe mais derrotas do que vitórias a ambas as categorias, mas o principal efeito nefasto dessa irracionalidade vem sendo a redução da capacidade de atuação da Receita Federal, e isso não é o que eu penso, pois essa afirmação está fundamentada em diversos relatórios produzidos pela própria Receita Federal. Não é um devaneio, é fato! Fico aqui imaginando quantos trabalhos conjuntos em prol dos seus próprios filiados, da sociedade, do contribuinte e da Receita Federal esses dois grandes sindicatos não teriam produzido ou poderão produzir ainda.
A Administração da Secretaria da Receita Federal, que quase sempre se omitiu em relação a esse assunto (não ouço, não vejo e não falo), atuando como mediadora, deveria tomar a iniciativa de sentar com o Sindireceita e com o Sindifisco e propor uma pauta de discussão mínima ou máxima, dependendo do ponto de vista de cada um, mas me arvoro em dar outra sugestão: que todos se dispam de suas paixões, que venham dispostos a negociar sem intransigências e preconceitos. E que a Administração se comporte não como mais um tentáculo sindical mas visando um interesse maior, que é o apaziguamento da casa, um arrefecimento dos ânimos e principalmente o interesse público.
Não é possível que sindicatos de categorias que trabalham ombro a ombro, com atribuições semelhantes, e que representam servidores com uma das melhores formações do serviço público brasileiro não consigam sentar a mesma mesa para resolverem suas diferenças, se não no todo pelo menos em parte. E quem ganha com a concretização dessa possibilidade? A resposta a esta pergunta é fácil: todos! Ganham os servidores com a imediata melhoria do “clima” organizacional; ganham os sindicatos que evitariam dispêndios de recursos financeiros com ataques e defesas entre si, ampliando-se as possibilidades de atuação conjunta em diversas frentes de interesse de ambas as categorias como campanhas salariais ou de temas de interesse das áreas da atuação da RFB; ganha a arrecadação da RFB, o contribuinte e conseqüentemente a sociedade.
E quem perde com isso? O sonegador! Analista-Tributário NÃO quer as atribuições privativas dos Auditores-Fiscais! O Analista-Tributário NÃO que “virar” Auditor-Fiscal! Essas são as premissas das negociações. Logo, não deverá haver impasses maiores que não possam ser resolvidos com uma boa dose de bom senso. Se a LOF não for melhorada e encaminhada ao Congresso Nacional, já temos uma culpada: a insensatez! Portanto: Chega de fingir que está tudo bem! Chega de alimentar a cizânia, chega de insensatez!
Senhor Pedro Delarue, Senhor Secretário Carlos Alberto Barreto e Senhora Sílvia Felismino está passando da hora de equacionarmos questões mínimas entre as categorias para que consigamos, todos juntos, continuar a construir uma Receita Federal melhor, mais eficaz e mais eficiente na busca dos seus objetivos institucionais. Sonho meu? Talvez! mas prefiro continuar acreditando na possibilidade e na força do diálogo, pois essa é minha formação, democrática!
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