Armas ilegais alimentam o mercado negro que financia crimes
Novo Hamburgo
Enquanto o Brasil ainda chora o assassinato de 12 estudantes da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, Rio de Janeiro, no último dia 7, uma discussão importantíssima segue em segundo plano. Todos os anos, uma verdadeira carnificina é promovida no País com armas ilegais – parte delas fruto de contrabando. Pistolas, revólveres e fuzis de uso restrito do Exército, dotados de alto poder de destruição, são despejados em todos os Estados, inclusive no Rio Grande do Sul. Na região, é fácil ter acesso a uma arma, por preços equivalentes aos 260 reais pagos pelo ex-aluno Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos.
Delegados, promotores e especialistas em segurança são unânimes em afirmar: o contrabando é o principal vilão deste nicho de mercado, abastecendo desde alguém que está sendo ameaçado até quadrilhas especializadas em roubos a bancos e carros-fortes.
O titular da Delegacia de Roubos e Extorsões do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Juliano Ferreira, acredita que o Estatuto o Desarmamento não tem contribuído para reduzir a disponibilidade no mercado paralelo. ‘‘O bandido sempre dá um jeito de conseguir. A maioria das armas e explosivos usados em ataques vêm através da fronteira. Para reduzir a criminalidade, um reforço na fiscalização das fronteiras seria muito mais eficaz do que a Lei do Desarmamento. Quem acaba desarmado é o cidadão e bem’’, pondera, reforçando também ser necessário aparelhar melhor as Polícias.
Trata-se de uma rotina: todos os dias são recolhidas armas irregulares no Estado pela Brigada Militar ou pela Polícia Civil e suas delegacias especializadas. ‘‘A maioria entra ilegalmente, do Uruguai, da Argentina, sem que tenha sido cadastrada no Estado’’, revela o delegado. Outro percentual, porém, refere-se a armas que um dia já foram legalizadas mas que, após serem furtadas ou roubadas, tiveram a numeração raspada, passando, então, a servir ao crime.
FACILIDADES
Engana-se quem acredita que os reflexos e o custo social desencadeados pelo fácil acesso a armas ilegais são uma realidade apenas das favelas – estão bem próximos da maioria dos
gaúchos. Em Porto Alegre, por exemplo, na última terça-feira um estudante de 14 anos foi flagrado com uma pistola calibre 22 na mochila e, em outra escola, um jovemde 16 anos acabou apreendido em posse de uma submetralhadora 9 milímetros de fabricação israelense. Ambas as armas foram descobertas em tempo, antes que resultassem em mortes. Mas
em outro caso, em Novo Hamburgo, no dia 11 de março, um estudante de 17 anos da Escola Estadual Ayrton Senna do Brasil, no bairro Industrial, matou a tiros um adolescente da mesma idade próximo ao colégio. Apesar de quem vende a arma ter tanta responsabilidade quanto quem usa, são raros os casos de prisão e, mais ainda, de condenação
Fonte: DC
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