Manaus – O crescimento econômico de Manaus atraiu os comerciantes chineses para o comércio local e preocupa os lojistas e ambulantes. Os camelôs enfrentam queda de até 50% nas vendas em áreas onde lideravam o comércio, como na Rua Henrique Martins, Centro, por conta dos preços mais baixos praticados pelos novos concorrentes.
A informação é do presidente do Sindicato do Comércio dos Vendedores Ambulantes de Manaus (Sicovam), Raimundo Inácio Sena.
De acordo com o sindicalista, atualmente os cidadãos chineses possuem, apenas na Rua Henrique Martins, três estabelecimentos, sendo dois em funcionamento e um outro que ainda será inaugurado. Na Rua Marechal Deodoro, é possível ver que esses comerciantes também se instalaram em galerias. Em todo o Centro, Sena estima que são aproximadamente 20 lojas de propriedade dos migrantes.
Aos poucos
“Eles vieram aos poucos, há cerca de dois anos, e começaram a estudar qual o melhor segmento para se atuar no mercado. Mas essa situação se agravou depois que a Polícia Federal de São Paulo fechou a Galeria Pajé e muitas dessas pessoas se mudaram para Manaus e Belém”, informou.
Para o presidente em exercício da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Amazonas (Fecomércio-AM), Aderson Frota, esse não foi o principal motivo da vinda dos novos comwrciantes. “A maioria veio das Regiões Sul e Sudeste e agora estão subindo. Eles buscaram capitais que apresentam uma pujança comercial e o crescimento econômico de Manaus chamou a atenção. Mas eles estão espalhados por todo o País”, observa.
Consumidor ganha com a nova concorrência
Na rivalidade entre os comerciantes brasileiros e chineses, quem ganha é o consumidor. As confecções e bolsas vendidas pelos estrangeiros são vendidos pela metade do preço das comercializadas no Centro pelos ambulantes. E ao que tudo indica, essa é uma briga perdida, pois os camelôs dizem ser impossível competir com esses valores.
A vendedora ambulante Michele Verçosa, que possui uma barraca de confecções na Rua Marechal Deodoro há 20 anos, disse se incomodar com a concorrência, qualificada como “injusta”. “Acabamos perdendo, porque o cliente não quer saber de qualidade e sim do preço”, disse.
Arredios e pouco dispostos a conversar (até mesmo por conta das barreiras do idioma), muitos se recusam a dar entrevista. Apenas um comerciante, por meio de uma de suas funcionárias, falou com a reportagem. Yan Liru tinha uma loja em São Paulo e veio para Manaus há um ano, onde aluga um ponto na Galeria BBC.
Ele comercializa bolsas e bijuterias no atacado e no varejo, e confirmou vender para os próprios camelôs. Sobre a fama de nunca negociar com os clientes, disse não ser irredutível, mas a falta de conhecimento na língua portuguesa acaba atrapalhando na hora de oferecer descontos.
Procurado, o inspetor-chefe substituto da Alfândega do Porto de Manaus, Fernando Shiota, alegou que o Núcleo de Repressão ao Contrabando e ao Descaminho (Nurep) está no interior a serviço e, por isso, não poderia “tecer as devidas considerações”.
Fonte: D24AM
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