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12 de junho de 2012

Como a indústria do livro eletrônico venceu os piratas digitais


No campo da pirataria digital, as editoras estão se defendendo de maneira muito mais eficiente do que a indústria da música.

por Rob Reid
The Wall Street Journal

Brian Stauffer

Dez anos atrás, as gravadoras achavam que tinham vencido a pirataria quando o popular serviço Napster, que permitia a qualquer um encontrar e baixar músicas on-line sem pagar, foi à falência. Naquela época, as vendas anuais de música nos Estados Unidos haviam caído cerca de US$ 2 bilhões, depois chegar a um pico de US$ 14, 5 bilhões em 1999. As gravadoras culpavam a Napster, alegando que a empresa incentivava a violação de direitos autorais. Desde então, as vendas encolheram outros US$ 5,5 bilhões, uma queda total de mais de 50%.

A indústria dos livros atravessa agora uma fase mais avançada em sua própria história digital do que a fase em que estava o setor musical quando o Napster fechou. Ambas as histórias começaram quando os aparelhos digitais se tornaram portáteis. No caso da música, isso ocorreu em 1999, quando as gravadoras desistiram de uma batalha legal para proibir os reprodutores de MP3. Para os livros, o marco foi o lançamento do leitor de livros eletrônicos Kindle, em 2007.

Reuters

O tablet da rede de livrarias Barnes & Noble,

As editoras já começaram em vantagem. Ambas as indústrias registraram uma queda de cerca de 20% nas vendas físicas quatro anos depois de sua entrada no universo digital. Mas as vendas de livros eletrônicos nos EUA compensaram amplamente o declínio nas vendas de livros de papel. Já as vendas de música digital se mantiveram teimosamente perto de zero durante anos.

Isso não significa que os amantes de música são criminosos. Pelo contrário, mostra que vender para aqueles que abraçam novas tecnologias rapidamente é uma boa decisão. As editoras optaram por uma estratégia oposta à das gravadoras, que, essencialmente, insistiram que a primeira geração de consumidores digitais ou roubavam música on-line ou ficavam completamente sem música.

Como sou um dos primeiros empresários da indústria da música on-line, lembro-me bem da estratégia desastrosa. Em 1999, fundei a Listen.com, esperando que a indústria da música logo adotaria a Internet como um formato promissor, assim como já havia adotado os CDs, fitas cassetes, e três velocidades diferentes de discos de vinil.

Mas a indústria fonográfica recebeu o primeiro aparelho de MP3 para as massas, o Diamond Multimedia Rio, com uma ação judicial. A indústria argumentou que duvidava "que havia um mercado para aparelhos de MP3 além dos milhares e milhares de músicas ilegais on-line."

Observe a palavra "milhares". O tráfico ilícito de música era insignificante em comparação com as centenas de milhões de músicas que circulam on-line hoje em dia. A estreia do Napster só ocorreu um ano depois, e o compartilhamento de arquivos era desconhecido fora dos círculos técnicos ou universitários.

O que realmente causou entusiasmo sobre os aparelhos de MP3 foram os US$ 75 bilhões que os americanos tinham gastado em CDs até o momento. Os MP3s poderiam fazer render muito mais esse vasto investimento do consumidor ao tornar suas coleções de música muito mais portáteis e suscetível a mesclas.

Mas as gravadoras tentaram proteger os CDs através de uma proibição legal à tecnologia, que foi rejeitada por um tribunal em 1999. Se não fosse assim, é improvável que tivessem inventado o iPod. E isso teria desestabilizado a cadeia de produtos e inovações que levaram à reinvenção de celulares e laptops que eletriza o mundo de hoje.

Os consumidores estavam ávidos por novas canções digitais, já que a capacidade de seus aparelhos de MP3 crescia rapidamente de dezenas para milhares de faixas. As grandes gravadoras não conseguiram proibir os dispositivos, mas não estavam dispostas a vender música que tocasse neles.

Naquela época, a música digital estava se expandindo exponencialmente. A popularidade do Napster cresceu bastante, enquanto as gravadoras insistiam com o seu boicote à música digital. Foi assim que milhões de consumidores descobriram ilegalmente as grandes vantagens de música digital.

Quando as gravadoras começaram a conceder as primeiras licenças para ouvir músicas on-line, o mercado só queria fazer o download de música, algo que a indústria fonográfica só começou a liberar em 2003, quase cinco anos depois de terem aparecido os primeiros aparelhos de MP3.

Desde então, as licenças de download se expandiram rapidamente, mas o estrago já estava feito.

Os livros digitais, no entanto, tiveram licença e não processos judiciais desde o início. As editoras podem agora enfrentar alguns desafios atualmente, mas como me disse um analista da indústria: "Pelo menos não fomos autoimolados."

— Reid fundou a Listen.com, empresa que criou o serviço de música Rhapsody.



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