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17 de junho de 2010

PF DESMONTA QUADRILHA QUE FRAUDAVA CONCURSOS PÚBLICOS NO PAÍS HAVIA 16 ANOS.

A Polícia Federal desmantelou ontem uma quadrilha que fraudava concursos públicos havia pelo menos 16 anos. Os exames mais visados envolviam carreiras estratégicas, como auditor da Receita, policial federal e oficial da Abin. Doze pessoas foram presas. O governo quer mudar os concursos.

A Polícia Federal desmantelou ontem uma quadrilha com ramificação nacional que fraudava concursos públicos em todo o País havia pelo menos 16 anos. Os exames mais visados pelo bando envolviam carreiras estratégicas de Estado, como auditor da Receita, policial federal, oficial da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e peritos de agências reguladoras. O valor do gabarito variava de US$ 50 mil a 150 mil - cerca de R$ 270 mil.

Uma vez na máquina estatal, esses servidores viravam reféns de corruptos e grupos do crime organizado. "O dano potencial à sociedade é sistêmico e terrível, porque o servidor que entra desse modo fica vulnerável, totalmente exposto ao aliciamento futuro das organizações criminosas", disse o diretor de inteligência da PF, Marcos David Salem. Durante a ação, chamada Operação Tormenta, a PF prendeu os 12 principais operadores da quadrilha, todos em São Paulo.

Entre os presos está o chefe do esquema e um agente da Polícia Rodoviária Federal. Todos foram levados para a delegacia da PF em Santos, onde foram ouvidos, e depois removidos para a Custódia da PF em São Paulo.

Tormenta foi autorizada pelo juiz Herbert Cornélio Pieter de Bruyn Júnior, titular da 3.ª Vara Federal em Santos. A PF pediu formalmente a prisão de 25 alvos da investigação. Bruyn ordenou a prisão de 12, em regime temporário. Para a Justiça, em liberdade os suspeitos poderiam dificultar as apurações, subtraindo provas, influenciando ou coagindo testemunhas. O juiz ordenou a suspensão da posse dos candidatos a agente da PF do concurso de 2009.

Ao longo do dia também foram cumpridos 34 mandados de busca, que resultaram na apreensão de cadernos de questões roubados, equipamentos de ponto eletrônicos para sopro de respostas aos candidatos em exame e muito dinheiro (dólares e reais). A PF levantou provas de fraudes em três concursos. Dois deles são recentes: um para agente da própria corporação e o exame de registro na OAB nacional, ambos em 2009. Acusado de ter comprado gabarito, um conselheiro da OAB paulista está entre os 26 indiciados por estelionato, peculato e receptação (mais informações na página A17).

Outro alvo de fraudes foi o tumultuado concurso de Receita, de 1994, o primeiro da lavra atribuída ao bando: 41 pessoas obtiveram o gabarito da prova, entre elas a mulher, o filho e a nora do chefe da quadrilha.

Pelo menos mais quatro concursos, entre os quais os mais recentes da Abin e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), estão sob suspeita. Mas Salem afirmou que não é preciso haver pânico entre os aprovados. Segundo ele, há apenas indícios que, se confirmados, levarão a PF a aplicar a mesma metodologia, desenvolvida pela Diretoria de Inteligência Policial (DIP), que tem permitido chegar cirurgicamente aos candidatos que compraram a prova e aos fraudadores.

Pente-fino. A PF não tem dimensão exata do tamanho do estrago, mas fará um pente-fino em todos os concursos importantes nos últimos anos. Estima-se que mais de 130 mil candidatos tenham se inscrito nos três concursos públicos fraudados pela quadrilha.

Segundo a PF, o bando tinha acesso aos cadernos de questões antes da data de aplicação das provas. O roubo de cadernos se dava no momento do transporte ou nos galpões onde eram guardados, sob a proteção de órgãos como a PRF.

A PF achou vestígios de que o grupo tentou fraudar outros concursos recentes da Receita, da Caixa e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), diz o delegado Victor Hugo Rodrigues Alves. O bando atuava em vestibulares de instituições federais e até em prova de residência médica. Tinha uma central de produção de diplomas para candidatos que não atendiam sequer essa exigência.

Autor(es): Vannildo Mendes
O Estado de S. Paulo - 17/06/2010


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